Foto Samuel Marques, Divulgação
Após reunião com o Comando da Aeronáutica, em Brasília, a comitiva de políticos e lideranças empresariais de Santa Maria voltará para a cidade com uma esperança de que, a médio prazo, seja possível reforçar a pista da Base Aérea para tentar retomar os voos comerciais daqui a São Paulo ou Campinas. Segundo o prefeito Rodrigo Decimo, a Força Aérea Brasileira (FAB) não se opõe à realização dessa obra de reforço da pista, para comportar voos diários de aviões de grande porte, mas a solução ainda passará por trâmites técnicos. Na prática, ainda poderá levar no mínimo dois anos para a obra iniciar, o que deve deixar a cidade por um bom tempo sem voos para São Paulo.
- O comando da Aeronáutica liberou para que haja, na semana que vem, uma reunião de engenheiros da FAB com engenheiros da Secretaria de Aviação Civil (SAC) para verificar as condições técnicas de fazer essa obra de reforço e verificar qual seria o custo. Porque, por exemplo, se custar R$ 150 milhões, a SAC comentou que valeria a pena então fazer um novo aeroporto. Não há atualmente verba garantida, mas a SAC diz que o aeroporto de Santa Maria está entre as prioridades e que conseguem R$ 40 milhões ou R$ 50 milhões para essa obra - disse Decimo.
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Segundo ele, uma visão mais realista indica que essa obra de reforço não começaria antes de 18 a 24 meses. É que, depois da avaliação da viabilidade técnica e financeira, será preciso contratar a SAC para fazer o projeto de engenharia para a obra. Só depois, obter as verbas e licitar o reforço da pista. Decimo diz que a vantagem é que a pista da Base Aérea tem 2,4 km, e que, segundo foi afirmado na reunião, seria possível fazer a obra de reforço em duas etapas, sem precisar parar com os pousos e decolagens. Poderia ser feito o trabalho em metade da pista, com a outra metade seguindo operacional, para o uso dos caças da Base e dos aviões comerciais da Azul, que faz a linha de Santa Maria a Porto Alegre. Depois, seria feita a outra metade da pista.
Atualmente, só aviões de médio porte, como os ATR-72, da Azul, podem fazer voos diários sem danificar a pista. Se a obra de reforço for autorizada e realizada, a pista da Base Aérea poderia receber voos diários de aviões maiores, a jato, de empresas como Azul, Gol e Latam. Só a partir disso há perspectiva atual de retomada dos voos de Santa Maria a Porto Alegre ou Campinas, pois a Azul, que fazia viagens daqui a Campinas com o ATR, cancelou a linha em março de 2025, devido ao processo de recuperação judicial, em que também cortou rotas para várias outras cidades brasileiras. O problema é que Gol e Latam não operam com ATR-72 e, para fazer viagens de Santa Maria a São Paulo, seria preciso que a pista da Base Aérea comportasse aviões a jato maiores, de fabricantes como Boeing, Airbus ou Embraer.
Projeto de ampliação do terminal de passageiros do aeroporto
Já quanto ao projeto de ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto Civil, que está há anos com a Infraero, ainda não foi concluído pelo órgão federal. Diante disso, Decimo disse que a prefeitura fará a rescisão do contrato com a Infraero e que a SAC se dispôs a concluir o projeto. Porém, essa ampliação só faz sentido, segundo Decimo, se a obra de reforço da pista for realizada para receber aviões maiores. Só nesse caso, seria necessário um terminal maior. Por isso, o projeto de ampliação do terminal não é tratado com urgência, diz o prefeito.
Hangar para helicóptero da Brigada
Segundo o prefeito, a FAB deu aval para que seja construído um hangar para o novo helicóptero da Brigada Militar que ficará sediado em Santa Maria para apoio em operações policiais e resgates de vítimas de acidentes e enchentes. Porém, falta avançar nas tratativas para que o espaço seja cedido sem custos ao Estado, pois os órgãos de controle têm feito apontamentos para a Aeronáutica quando há cessão de espaços sem custos.
Permanência do Aeroclube dentro da Base
A permanência do Aeroclube de Santa Maria dentro da área da Base Aérea também depende do avanço dessas questões jurídicas da chamada cessão de uso, pois, segundo Decimo, a Base Aérea teve de notificar o aeroclube para sair do local. Caso contrário, o comandante da Base poderia receber um apontamento dos tribunais de controle e ser responsabilizado por ceder o espaço sem os devidos trâmites jurídicos. Decimo diz que o aeroclube teve de entrar na Justiça para tentar seguir funcionando no local até a definição dessas questões formais. Após a reunião desta quarta (15), será buscada uma solução para manter o aeroclube dentro da área da Base Aérea.
No encontro desta quarta, participaram o brigadeiro do ar Ricardo Guerra Rezende, representando o comando da Aeronáutica. A reunião ocorreu no Gabinete de Liderança do PT no Senado, e contou a presença do deputado federal Paulo Pimenta (PT). Também estiveram presentes na comitiva de Santa Maria: o deputado estadual Valdeci Oliveira, os vereadores Manequinho (Republicanos), Rudys Rodrigues (MDB), Helen Cabral (PT), Sidinei Cardoso (PT), Luiz Fernando Cuozzo Lemos (PDT) e Valdir Oliveira (PT), além do presidente da Cacism, Andrei Nunes, o presidente da Adesm, Evandro Behr, o professor Lissandro Dalla Nora, representando a UFN, e representantes do Aeroclube.